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Lançamento do livro Sentinela Isolada resgata a história de Alfredo Wagner l6h6w

Alfredo Wagner (SC) — A Câmara de Vereadores foi palco, na noite de ontem, de um importante momento cultural e histórico: o lançamento do livro Sentinela Isolada, do escritor e historiador Adelson Bruggermann. Resultado de sua pesquisa de mestrado na UFSC, a obra mergulha na vida cotidiana da Colônia Militar Santa Teresa, fundada no século XIX na região que hoje corresponde à localidade de Catuíra, em Alfredo Wagner.

O evento contou com a presença de autoridades locais, como o presidente da Câmara, Marcos Correia, o Diretor de Turismo e Cultura, Jonas Bruch, além de membros da comunidade. Presença marcante foi do ex-prefeito de São Pedro de Alcantara e sua esposa. No período da tarde, Bruggermann já havia promovido uma conversa com alunos na própria Catuíra, proporcionando um encontro intergeracional em torno da história local.

Durante a palestra, o autor explicou o título da obra: “Sentinela Isolada” refere-se à imagem da colônia como uma guarda avançada no meio da vastidão do território catarinense, uma espécie de posto militar solitário destinado a proteger e vigiar os caminhos entre o litoral e o Planalto.

Bruggermann destacou que a Colônia Militar Santa Teresa fazia parte de um sistema nacional de colonização militar voltado tanto para a defesa das fronteiras quanto para o controle fiscal do trânsito de mercadorias. No auge de sua atividade, avam por ali até 3 mil cabeças de gado por mês, movimentando impostos e comércio entre Lages e o litoral catarinense.

Um dos pontos altos da palestra foi a descrição das dificuldades enfrentadas pelos moradores: soldados mutilados da Guerra do Paraguai que receberam terras como compensação, famílias de criminosos enviados para a região em troca de pena reduzida, e conflitos com povos indígenas, especialmente os Xokleng. Relatos de ataques indígenas, fugas, desertores e disputas entre oficiais e moradores compõem um retrato vívido — por vezes brutal — da formação da colônia.

O autor revelou ainda que a documentação pesquisada foi tão abundante que chegou a reunir mais de 1.200 documentos transcritos, incluindo cartas, registros fiscais, denúncias e até publicações em jornais da época. Entre os relatos, chama atenção a figura misteriosa do “Demônio de Asas Cortadas”, pseudônimo de um soldado que denunciava abusos e irregularidades na istração da colônia por meio de artigos anônimos na imprensa da capital.

Ao final, Bruggermann argumentou que, apesar das mazelas sociais, a colônia cumpriu sua missão: manter aberto o caminho entre o litoral e o interior, permitir a fixação da população e garantir a soberania sobre o território catarinense, sendo decisiva até mesmo em disputas de fronteira com o Paraná e na consolidação do Oeste de Santa Catarina.

O lançamento do livro Sentinela Isolada não foi apenas um ato literário, mas um reencontro da cidade com uma parte profunda de sua própria história — uma história marcada pela luta, pelo sofrimento, mas também pela resistência e pela construção do que hoje é Alfredo Wagner.

O autor, Adelson Bruggermann, autografando o livro Sentinela Isolada para o editor do Jornal Alfredo Wagner Online