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Em novo mercado, consultoria que não entrega resultado perde espaço 1f3r46

Por Thiago Muniz, CEO da Receita Previsível e Professor da FGV

O mercado de consultoria está em transformação, e quem não se adaptar rapidamente ficará à margem, assistindo à própria irrelevância. A crescente demanda por eficiência e retorno sobre investimento lançou um holofote incômodo sobre um modelo de negócios que, por décadas, priorizou mais o storytelling do que entregas concretas. Nos Estados Unidos, o alerta vermelho já soou. Ainda sob a istração Trump, contratos bilionários com gigantes como Deloitte e Accenture foram revisados. Motivo? O retorno não justificava o investimento público. Segundo o Financial Times, até 6% do mercado de consultoria pública pode desaparecer, o que representa uma perda de até US$ 6 bilhões.

Sendo assim, a área está vivenciando uma transformação profunda. Sob forte pressão por resultados concretos e retorno sobre investimento, o setor começa a abandonar o modelo centrado em apresentações sofisticadas, promessas vazias e diagnósticos que raramente se concretizam em mudanças reais. O que antes encantava pela forma, agora é cobrado pela substância. Quem não perceber essa mudança de paradigma corre o risco de se tornar irrelevante mais rapidamente do que imagina.

O futuro da consultoria a por três exigências inegociáveis: gerar impacto financeiro direto, entregar eficiência operacional prática e integrar tecnologia de forma inteligente. Empresas querem mais execução, menos PowerPoint. Querem resultado visível, e não diagnósticos que ninguém lê. Também, as consultorias que ignorarem a automação e a inteligência artificial estão condenadas à obsolescência. A Forbes foi clara: integrar IA aos processos não é mais diferencial — é o básico para continuar relevante. Aquelas que usam dados e tecnologia para antecipar problemas, otimizar operações e gerar previsibilidade estão assumindo a dianteira do setor.

A regra agora é simples: ou você prova que gera valor real ou vira uma despesa descartável. Isso exige uma mudança de postura. É preciso sair do palco e ir para o chão de fábrica, abandonar o discurso encantador e focar na entrega tangível. Diversificar a base de clientes, eliminar gargalos, rever processos, implementar soluções sob medida. O mercado está em triagem. E não há mais espaço para quem vive da própria retórica. O tempo das consultorias que encantavam no discurso, mas falhavam na prática, está chegando ao fim. O cliente não quer mais ser convencido — ele quer ser transformado. E quem não entregar isso, será naturalmente deixado para trás.

Carol Montuori
mention.net.br