Por Redação – Jornal Alfredo Wagner Online
Em um mundo onde o equilíbrio geopolítico parece cada vez mais frágil, o Brasil reafirma silenciosamente sua força por meio de um poder muitas vezes subestimado: a produção de alimentos. O agronegócio brasileiro bateu recordes mais uma vez em março, alcançando US$ 15,64 bilhões em exportações e representando mais de 53% de tudo o que o país vendeu ao exterior no mês. Com esse desempenho, o setor garantiu o segundo maior valor da história para um mês de março.
Para quem vive no campo ou acompanha de perto o ciclo das safras, os números são sinais de colheita farta. Mas para quem observa os ventos do mundo, os dados também soam como um alerta — ou melhor, como a confirmação de uma profecia.
O cenário internacional cada vez mais tenso e a importância estratégica dos alimentos se tornando cada vez mais evidente, demonstram que os alimentos serão as armas mais estratégicas na próxima guerra.
Um desempenho histórico Entre os destaques das exportações em março de 2025 estão:
- Soja em grãos: US$ 5,7 bilhões (+7%)
- Café verde: US$ 1,4 bilhão (+92,7%)
- Carne bovina in natura: US$ 1,1 bilhão (+40,1%)
- Celulose: US$ 988 milhões (+25,4%)
- Carne de frango in natura: US$ 772,3 milhões (+9,6%)
Esses cinco produtos responderam por quase 84% das exportações agrícolas. Mas há novidades: café solúvel, óleo essencial de laranja e rações para animais começam a ganhar espaço, abrindo portas para novos mercados na Ásia, Europa e América do Norte.
De janeiro a março, o Brasil somou US$ 37,83 bilhões em exportações agrícolas — o maior resultado histórico para o período. As importações também cresceram, atingindo US$ 5,18 bilhões, mas o saldo comercial positivo de US$ 32,65 bilhões mostra que o setor continua a ser um dos pilares da economia nacional.
Segurança alimentar como escudo estratégico
Enquanto a diplomacia internacional enfrenta desafios e o mundo assiste a uma corrida armamentista entre potências globais, o Brasil encontra em sua vocação agrícola um escudo inesperado. Em tempos de conflito, quem controla o alimento, controla parte do destino das nações.
A fala recente do general Tomás Paiva, comandante do Exército Brasileiro, sobre a necessidade de “atenção redobrada” ao crescimento dos gastos militares no mundo, se conecta diretamente com essa visão estratégica. O Brasil, mesmo não sendo uma potência militar, torna-se fundamental por aquilo que planta e exporta.
Alfredo Wagner, o campo e o futuro
Nossa cidade, localizada no coração de Santa Catarina, com raízes agrícolas profundas, também participa desse movimento global. Seja com produtores de leite, hortaliças ou grãos, estamos conectados ao destino do mundo — mesmo que essa conexão não esteja em manchetes, mas em silos, tratores e mãos calejadas.
A lição que fica é clara: o futuro talvez não pertença apenas a quem tem armas, mas àqueles que sabem cultivar a terra e alimentar povos inteiros. E nesse cenário, o Brasil — e os pequenos municípios que sustentam seu campo — se tornam mais importantes do que nunca.