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Apesar da incerteza com a gripe aviária, Brasil pode ter safra recorde de 112,9 milhões de toneladas de milho, diz Agroconsult. a5u32

Área plantada tem crescimento e lavouras devem registrar boas produtividades; em nova etapa do Rally da Safra, técnicos irão avaliar cinco estados até 15 de junho

O Rally da Safra inicia a etapa de avaliação de lavouras da segunda safra de milho no momento que o setor, diante de uma possível produção recorde, teme os impactos da gripe aviária nas exportações e no consumo interno de milho pelo mercado de proteína animal. A incerteza ocorre diante da comercialização pouco avançada da safra, chegando a 32,4% do total, em maio.

A Agroconsult, organizadora da expedição técnica, estima a segunda safra de milho em 112,9 milhões de toneladas, volume 10,5% superior à temporada ada, conforme avaliação preliminar do Rally. A área plantada é projetada em 17,9 milhões de hectares – 1 milhão de hectares (6,1%) a mais do que na safra 23/24. Já a produtividade é estimada em 105 sacas por hectare (+4,1%) – o índice ainda não é o maior já registrado, mas tem um excelente potencial a ser confirmado pelos técnicos, a depender das condições em campo.

Diante dessa projeção, a produção total de milho (1ª e 2ª safra) pode alcançar 140 milhões de toneladas, a segunda maior da história. O volume é pouco inferior ao recorde de 22/23 (141,8 milhões de toneladas). A safra total 23/24 chegou a 128,2 milhões de toneladas. Já a área plantada total de milho é projetada em 22,2 milhões de hectares – ainda abaixo da marca de 22/23, de 22,9 milhões de hectares, mas superior à safra ada, de 21,6 milhões de hectares.

“Trata-se de uma segunda safra de milho com crescimento expressivo de área, mas que carregava uma dúvida grande sobre seu potencial produtivo em razão das lavouras terem sido implementadas em calendário de maior risco. O alongamento do ciclo da soja levou ao plantio mais tardio do milho – já no mês de março – especialmente no Mato Grosso e um pouco em Goiás. Mas o receio dos produtores acabou se dissipando com as boas chuvas de abril e que se estenderam até o início de maio, período mais importante para a definição do potencial produtivo das lavouras”, explica André Debastiani, coordenador do Rally da Safra.

Segundo Debastiani, nessa mesma época no ano ado, o Rally vinha computando perdas de produtividade em diversos estados, como Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, em função da estiagem. “Já nesse início da etapa milho, apesar de sabermos que existem alguns problemas, como é o caso do Oeste do Paraná, onde as primeiras lavouras sofreram com a estiagem em janeiro, não há estados em situação crítica. Ao contrário: Mato Grosso e Goiás já estão com sua safra praticamente definida e têm tudo para ultraar os recordes anteriores, a depender dos resultados de campo”, afirma.

Segundo levantamento preliminar do Rally de 19 de maio último, baseado na época de plantio e distribuição de chuvas, 72% da produção do Mato Grosso e 62% de Goiás apresentam alto potencial produtivo. Os demais estados têm bom potencial, mas dependem das condições climáticas.

O surgimento dos casos de gripe aviária no país, no entanto, traz riscos ao setor. A demanda interna de milho é estimada pela Agroconsult em 96,7 milhões de toneladas, em razão do bom desempenho do mercado de etanol e pelo comportamento do mercado de proteína animal, mas pode sofrer variações conforme a extensão do problema sanitário. Já as exportações são projetadas em 42,8 milhões de toneladas. “Esse excesso de oferta, aliado ao problema sanitário, podem gerar uma pressão negativa no preço do milho, no momento que temos pouca comercialização, exigindo a adaptação de estratégias por parte dos produtores e agentes do setor”, diz o coordenador do Rally.

Equipes em campo

A expedição técnica estará em campo até 15 de junho para ajustar a estimativa de produtividade da segunda safra de milho em cinco estados, diante do clima, da janela de plantio e do investimento realizado nas lavouras.

Seis equipes percorrerão as lavouras entre maio e junho. As duas primeiras irão avaliar o Médio-Norte e Oeste do Mato Grosso, saindo de Cuiabá e visitando as regiões de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop, Campo Novo do Parecis, Sapezal e Vilhena, em Rondônia, até 24 de maio.

A terceira e a quarta equipe farão o levantamento no Sudeste do Mato Grosso, Norte do Mato Grosso do Sul e Sudoeste de Goiás, deixando Cuiabá sentido às regiões de Campo Verde, Primavera do Leste, Rondonópolis, Itiquira, Chapadão do Sul, Rondonópolis Jataí, Mineiros e Rio Verde. Os trabalhos acontecerão entre 01 e 07 de junho.

As duas últimas equipes estarão no Sul do Mato Grosso do Sul e Norte e Oeste do Paraná entre 08 e 15 de junho, saindo de Campo Grande em direção às regiões de Dourados, Naviraí, Ponta Porã, Guaíra, Toledo, Campo Mourão, Assis Chateaubriand e Goioerê, antes de concluir os trabalhos em Maringá, no Paraná.

A 22ª edição do Rally da Safra é patrocinada pelo Banco Santander, O Brasil, BASF, Credenz® e SoyTech™ (marcas de sementes da BASF), xarvio® (plataforma digital oficial do Rally), BIOTROP, JDT Seguros e TIM Brasil.

O Rally já avaliou as condições de mais de 1,7 mil lavouras de soja durante as fases de desenvolvimento e de colheita nos estados de MT, GO, MG, MS, PR, SC, SP, RS, PA, MA, PI, TO e BA. Técnicos da Agroconsult e das empresas patrocinadoras visitaram produtores rurais nas regiões Sudeste do MT, Sudoeste de GO, Planalto do RS e Oeste do PR, entre abril e maio.

As áreas avaliadas pelo Rally da Safra 2025 respondem por 97% da área de produção de soja e 72% da área de milho.

Carol Silveira
Diretora